Atlante - Revue d'études romanes
 

Numéro 13-Automne 2020
Humor y política - Decir y no decir


11.Humor, insulto e política nos periódicos de José Agostinho de Macedo -

Sátira política contrarrevolução periodismo José Agostinho de Macedo lutas liberais em Portugal

João Pedro Rosa Ferreira
CHAM –Centro de Humanidades
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
p.216-235.

João Pedro ROSA FERREIRA, "Humor, insulto e política nos periódicos de José Agostinho de Macedo".

Resumo. Quase dois séculos depois da sua morte, o padre José Agostinho de Macedo (1761-1831) continua a não deixar indiferente quem o lê. Cultivou a polémica, tanto na sua polifacetada atividade literária como na sua agitada vida pessoal. A leitura dos periódicos A Tripa Virada (1823), A Besta Esfolada (1828) e O Desengano (1830-1831), focada na análise da sua componente humorística, é uma viagem pela fronteira entre o sério e o risível, no decurso da qual os excessos de linguagem revelam uma amoralidade que permite ao riso funcionar de forma eficaz ao serviço de uma estratégia política contrarrevolucionária, no período das lutas liberais em Portugal. Macedo odiava a liberdade. Tinha uma profunda aversão à mudança política e social. A sua visão do mundo era autocentrada ao ponto de apelar à eliminação física dos adversários. Ao mesmo tempo possuía uma cultura sólida, servida por um talento indesmentível, capaz de utilizar recursos literários entre os quais avultavam a sátira, o sarcasmo e a troça. Usou-os com eficácia, ao serviço da violência e do obscurantismo, da misoginia e do racismo. O seu riso é liberticida. A sua obra, e particularmente os periódicos aqui abordados, desafiam uma reflexão permanente sobre os limites do humor.

Palavras chave: Sátira política, contrarrevolução, periodismo, José Agostinho de Macedo, lutas liberais em Portugal.

 

João Pedro ROSA FERREIRA, "Humor, abuse and politics in José Agostinho de Macedo’s periodicals".

Abstract. Almost two hundred years after his death, Father José Agostinho de Macedo (1761-1831) still raises passionate arguments. He was a controversial character, both in his many-sided literary activity and in his tumultuous personal life. Browsing through his periodicals A Tripa Virada (1823), A Besta Esfolada (1828) and O Desengano (1830-1831) with the focus in their humorous content leads the reader along the frontier between seriousness and jocularity, where the excesses of language disclose such an amorality that allows laughter to work efficiently on behalf of a counter-revolutionary political strategy during the struggle between Liberals and Absolutists in Portugal. Macedo abhorred freedom, as well as social and political change. His world-vision was self-centered to the point of calling for the physical elimination of his opponents. At the same time he was a scholar endowed with an unquestionable talent and able to use literary resources such as satire, sarcasm and mockery. He used them effectively at the service of violence, obscurantism, misogyny and racism. His laughter was liberticidal. His work, especially the periodicals examined here, challenge a permanent reflection on the limits of humor.

Keywords: Political satire, counter-revolution, journalism, José Agostinho de Macedo, civil war in Portugal.

 

João Pedro ROSA FERREIRA, "Humour, injure et politique dans les périodiques de José Agostinho de Macedo".

Résumé. Presque deux cents ans après sa mort, l’abbé José Agostinho de Macedo (1761-1831) ne laisse jamais indifférents ceux qui le lisent. Il a cultivé la polémique, aussi bien dans son activité littéraire multiforme que dans sa tumultueuse vie personelle. Lire les périodiques A Tripa Virada (1823), A Besta Esfolada (1828) et O Desengano (1830-1831), en se focalisant sur leur composante humoristique, c’est explorer une frontière ténue entre le sérieux et le risible. Les excès de langage de l’auteur révèlent une amoralité qui met le rire au service d’une stratégie politique contre-révolutionnaire dans le contexte des luttes entre libéraux et absolutistes au Portugal. Macedo haïssait la liberté. Il avait une profonde aversion pour le changement politique et social. Sa vision du monde était si autocentrée qu’il n’hésitait pas à appeler à l’élimination physique de ses opposants. En même tempsil était doté d’une culture solide servie par un talent indéniable, il maitrisait parfaitement des procédés littéraires tels que la satire, le sarcasme et le persiflage. Il en a fait un usage efficace au service de la violence, de l’obscurantisme, de la misogynie et du racisme. Son rire est liberticide. Son œuvre, et tout particulièrement les périodiques ici examinés, invitent à une réflexion permanente sur les limites de l’humour.

Mots-clefs: Satire politique, contre-révolution, périodisme, José Agostinho de Macedo, luttes libérales au Portugal.

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